"AJUDANDO OS PAIS A ENTENDEREM MELHOR SEUS FILHOS. PAIS INFORMADOS. FILHOS MAIS FELIZES."





"A educação exige os maiores cuidados, porque influi sobre toda a vida". (Sêneca)





"A educação é o que resta depois de ter esquecido tudo que se aprendeu na escola". (Albert Einstein)






"Talvez a essência da educação não seja entupi-los de fatos, e sim ajudá-los a descobrir a sua singularidade, ensinar-lhes a desenvolvê-la e depois mostrar-lhes como doá-la". (Leo Buscaglia)





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quinta-feira, 21 de outubro de 2010

O dodói vai passar



Por Luciana Schmidt


Fonte: Revista Baby & Cia, ed.17



Basta a mamãe ouvir o choro de dor de um filho para identificá-lo imediatamente e sentir junto com ele o mesmo desconforto. Joana conhece bem essa história. Nos primeiros três meses de vida da filha, ela praticamente não dormiu, tentando acalmar Julia no berço. “O médico me explicou que era cólica, e que, com o passar dos meses, a situação deveria melhorar”, conta Joana. Luiza quase chorou junto com a filha quando viu a pequena Carolina ter a primeira dor de garganta. “Foi de partir o coração. Mesmo com todos os cuidados, ela acabou pegando uma virose. Fui ao médico e voltei com uma receita na mão”, relembra a mamãe. Relatos assim são comuns. O remédio em mãos e as dúvidas continuam.



Pais de primeira viagem têm muita dificuldade de saber como proceder quando a saúde de seus filhos depende de uma medicação, principalmente se eles ainda forem nenês. Por isso, procuramos o pediatra Marco Antonio Iazzetti para esclarecer as principais dúvidas sobre o assunto. Confira!



Depois de visitar o pediatra e dos pais se certificarem da necessidade do remédio, como fazer para o bebê engolir a medicação? Existe uma posição mais indicada para acomodar o pequeno?



O bebê deve ficar sempre sentado ou em pé (nunca deitado) para que o medicamento desça por gravidade, lentamente, e não haja risco de engasgo. Após pegar o volume prescrito com o dosador fornecido pelo laboratório fabricante da medicação, a mãe pode passar o conteúdo para uma seringa e colocar a seringa na lateral da boca e liberar o líquido lentamente.



E no caso de comprimidos?



Os comprimidos raramente são prescritos aos bebês. Porém, em alguns casos, a medicação só existe nesse formato, que é o caso, por exemplo, de alguns diuréticos. Nessa situação, pode-se utilizar os serviços de farmácias de manipulação (conceituadas, de preferência) e verificar a possibilidade de se produzir o medicamento em forma de solução. Caso não seja possível, o médico pode ensinar a mãe a diluir o comprimido e, dessa solução, oferecer ao bebê a dosagem correta.



Pode misturar remédios com alguma bebida para disfarçar o gosto ruim?



Não é recomendado utilizar bebidas para disfarçar o gosto, porque pode haver mudanças no pH da medicação, alterando sua disponibilidade ao organismo.



Qual o mais indicado: colher ou dosador?



O dosador sempre é o mais indicado, pelo fato de ser próprio para a medicação. As colheres são muito variáveis nas formas e nos volumes, o que pode implicar em doses excessivas ou insuficientes. Lembro também de que não se deve utilizar o dosador de um medicamento em outro, pois todo remédio tem o seu respectivo dosador, que difere pela quantidade de substância a ser ingerida.



Os remédios devem ser tomados antes ou depois da amamentação? Por quê?



Isso varia conforme o medicamento prescrito. Alguns devem ser oferecidos em jejum e outros, com estômago cheio. Sempre pergunte ao seu médico e veja as orientações do laboratório fabricante.



Dicas:



➜ Toda medicação deve ficar fora do alcance das crianças, de preferência, em armários fechados com chave;



➜ Nunca ofereça medicação sem a orientação do seu médico;



➜ Não se esqueça de verificar os prazos de validade, assim como o modo de armazenamento (alguns medicamentos necessitam de refrigeração);



➜ Nunca deixe o seu filho tomar medicamento sem a supervisão de um adulto;



➜ Explique sempre ao seu filho (se ele for um pouco maior) sobre a importância do medicamento. Se tiver gosto ruim, explique que é necessário. Dê água logo em seguida para amenizar a sensação ruim;



➜ Se a criança se recusar a tomar o remédio, insista e seja firme. Lembre-se de que se trata da saúde de seu bem mais precioso. Acredite que você está fazendo o melhor. Na dúvida, mamãe, escute a opinião de outro médico.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Normal ou Patológico na Infância e Adolescência?


Por Nino Dazzi e Anna Maria Speranza

Embora nem sempre o surgimento de sintomas represente o início de uma doença psíquica, as queixas e as mudanças de comportamento das crianças devem ser levadas a sério.

A adolescência e a infância são períodos de grandes mudanças físicas e psicológicas, em que o surgimento de um sintoma pode ser visto tanto como a expressão de uma transição normal como o indício do surgimento de uma psicopatologia. O que seria considerado problemático na vida adulta é plenamente aceitável na fase de desenvolvimento. Por exemplo, a instabilidade e as alterações rápidas de humor, típicas da adolescência, podem ser conotações diversas em outros momentos da vida.

Por isso, a avaliação e o diagnóstico na idade de crescimento sempre apresentaram grandes dificuldades. Do ponto de vista rigorosamente diagnóstico não é possível transferir os quadros clínicos e sintomas psicopatológicos dos adultos para a idade de crescimento – a não ser nos casos de patologias em estágio inicial que apresentam uma forte estabilidade ao longo do tempo, como os distúrbios de caráter autista. Alguns quadros observados em pessoas com mais de 20 anos simplesmente não parecem se apresentar nesta fase; outros são diagnosticados na infância e adolescência. É o caso da depressão infantil que pode se manifestar com uma forte irritação associada à expressão de um leque restrito de emoções.

Além disso, o significado psicopatológico de alguns sintomas clínicos varia e assume diferentes funções e sentidos ao longo do tempo. É por isso que com o passar dos anos assiste-se a uma descontinuidade da sintomatologia presente na idade de crescimento. Por outro lado, os quadros evolutivos manifestados por crianças podem apresentar uma linha de continuidade no âmbito dos processos psicopatológicos que os apoiam: neste caso, fala-se de “continuidade heterotópica” quando, apesar da diversidade das manifestações sintomáticas reveladas na infância e na idade adulta, é possível supor o mesmo processo patológico.
Um exemplo, são os distúrbios de ansiedade; um transtorno associado ao temos de ficar longe dos pais ou à fobia escolar pode, evoluir na idade adulta, para quadros como depressão, bipolaridade e distúrbios de personalidade. Daí a importância do diagnóstico ainda na infância que, nesta fase, em geral são mais difíceis de serem tratados.

Considerando diagnósticos específicos estreitamente ligados ao processo de crescimento, algumas manifestações aparecem apenas nessa fase e são próprias da interação de causas específicas que se reúnem para determinar um comportamento não condizente com a fase de desenvolvimento, como a impulsividade na adolescência. É possível concluir que existem aspectos da adaptação na idade de crescimento que podem parecer patológicos, mas na realidade são expressões da alternância dos processos nas várias fases do desenvolvimento saudável; um exemplo é a angústia em relação a uma pessoa estranha, expressa por bebês por volta do oitavo mês de vida. Trata-se de um fenômeno evolutivo normal, que indica a existência da capacidade de reconhecimento das figuras familiares. Manter essa reação na fase escolar e da adolescência, porém, seria problemático.

Para definir os caminhos que resultam na psicopatologia é fundamental considerar a influência tanto dos fatores de risco (que interferem na adaptação e aumentam a possibilidade de aparecimento do distúrbio ou doença) quanto dos de proteção (que promovem a adaptação e reduzem o impacto do estresse). Ambos podem ser próprios do indivíduo ou estar ligados ao contexto em que ele vive e intervir em vários momentos no decorrer do desenvolvimento. Para uma avaliação correta dos resultados de uma sintomatologia a longo prazo, esse aspecto torna indispensável que sejam consideradas as áreas de vulnerabilidade no que diz respeito à adaptação da pessoa –e não apenas seus sintomas.

Os aspectos mais relevantes da nova perspectiva introduzida pela psicopatologia do desenvolvimento são a consideração do ambiente social no qual a criança cresce e os aspectos evolutivos que caracterizam a expressão sintomatológica em cada faixa etária. A avaliação e o diagnóstico na infância devem considerar o fato de que, desde o nascimento, o bebê participa ativamente das relações sociais, marcadas por diferenças pessoais.

Por isso, o processo diagnóstico exige que, além de uma análise feita com base nas queixas, na história de vida do paciente e nos comportamentos manifestos, seja realizado um estudo profundo sobre o percurso do desenvolvimento, o funcionamento do sistema familiar, as características dos pais, os modelos de interação que influem na constituição e amadurecimento da criança. É preciso levar em conta também os aspectos ligados à afetividade, à linguagem, à cognição, às habilidades motoras e sensoriais.

Fonte: Revista mente e Cérebro, Ano XVII, Nº 213, Pg 50 – 53.